Éramos tão límpidos, que nosso amor próprio parecia uma chuva dessas torrenciais que caia continuamente e de forma crescente lavando todas as expectativas deixadas desabrochando pelo caminho. O amor pede passagem de formas misteriosas e às vezes mesmo com a porta fechada a gente espia pelos vãos, brechas e entremeios porque sabe que a experiência é única, transformadora e completamente apaixonante.
Amor de verdade muda tudo na vida da gente. As perspectivas, os sonhos, os planos, a ausência e a essência. Saímos da sobriedade do café com leite solitário para os excessos dos devaneios a dois regados a vinho tinto. Trocamos de roupa, de pele, de armadura. Abandonamos as máscaras antigas e saímos às ruas vestidos da melhor fantasia de nós mesmos, porque sim, o carnaval tão esperado chegou. Não somos mais coadjuvantes dessa festa de sentimentos, mas protagonistas do maior espetáculo da Terra: a vida em conjunto. Passamos de corações desancorados a porto seguro da vivência do outro. O que antes era desassossego, agora são requintes de delicadeza deixados na porta da geladeira, no bolso da camisa, na alma e na calma. Metade antes e metade depois de virarmos verbos conjugados na travessia de outro alguém. Somos feitos de zelo e cuidado. Somos feitos de amor.
Mesmo que breve, cada parceria que se estabelece no nosso caminho agrega um pedacinho do quebra-cabeça responsável pelo nosso crescimento individual. Nossa essência nunca permanece a mesma depois de um relacionamento. Somos matéria moldada a quatro mãos: as nossas e as de quem decide nos levar pelos dedos para plantar cerejeiras por aí. O amor nos coloca em contato com a melhor versão de nós mesmos. Aquela que acrescenta, constrói, que desata os nós e embrulha o agora em laços. A versão linda, dedicada, paciente, altruísta e absolutamente sã de mim que existe em consequência de você. É ele que vai colocar o dedo na ferida sem ser invasivo, que vai questionar sem agressividade, que vai realocar sentimentos sem tirar nenhum alicerce do lugar. Nada no mundo paga o preço da paz e da serenidade de reconhecer meus anseios, receios, vontades, por uma nova percepção através de uma troca genuína e recíproca de bagagens. O tempo ensina a ser paciente, o amor, que cerejeiras só florescem na primavera. É preciso estar ausente e despido de expectativas, para permitir a metamorfose que vai abrir para o resto das nossas vidas nosso doce par de asas.
Quando o vento do amor te convidar para dançar, tire os sapatos, solte os cabelos e valse como um passarinho faceiro recém liberto de sua gaiola. Seja o sorriso sincero após um dia cansativo de trabalho, o abraço carinhoso depois de um momento de fúria, o olhar de aceitação após uma falha, o colo que conforta quando do lado de fora da porta existe um mundo em descompasso. Transforme todo o universo de outra vida simplesmente com seu amor. Melhor do que ir ao encontro do outro é tropeçar no meio do caminho em um desses acasos afortunados que te somam, mais do que te completam. Deixar o brilho do romance iluminar toda uma travessia é uma escolha. Vestir-se de permissividade e sorrisos também.
Que nossos caminhos sejam sempre recheados de borboletas em construção e amores transformadores. Que você possa ser para o amor aquilo que ele deve ser para você, a lembrança gostosa de um ser humano em contínua evolução. E que parcerias reconstrutoras deixem sempre aquela sensação incomparável de plenitude, que se aconchega no fundinho do peito toda vez que a palavra amor é pronunciada. Pois é no amor que a felicidade faz morada e é na permanência que todos os amores se encontram.
Por Danielle Daian
http://www.casalsemvergonha.com.br/2014/06/06/somos-feitos-de-amor-uma-homenagem-aos-amores-das-nossas-vidas/
#FelizDiaDosNamorados
Andreh Carvalho
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