Às vezes, parece que sou o homem da relação." As chances de você ou alguma das suas amigas terem dito isso na última happy hour é grande. Já faz tempo desde que nós, mulheres, deixamos de ser coadjuvantes nos relacionamentos, na carreira, na vida social. Sem descer do salto, arregaçamos as mangas das nossas camisas de seda e estamos no mercado de trabalho lutando de igual para igual com os homens. Como reflexo, na hora da conquista estamos mais seguras, independentes e, sim, diretas. As mudanças no comportamento humano nas últimas décadas nos fizeram mais fortes. Mas criaram uma nova espécie de cara: o homem mimimi, ou o homem-donzela, que sente necessidade de ser mimado, idolatrado e adora fazer doce e aqueles irritantes joguinhos adolescentes mas fica devendo em iniciativa, atitude.
Conquistamos o direito de querer casar ou não, de ter filhos ou não e, claro, de pedir o telefone daquele gato do outro lado do bar. Já eles andam perdidos e parecem não saber agir. Sim, precisamos menos dos homens que antes. Mas isso não quer dizer que não os queremos na nossa vida, certo? A pedagoga gaúcha Gabriela Rodrigues, 28 anos, que o diga. Depois de ficarem, André* passou a mandar mensagens fofas com frequência, mas nada de chamá-la para sair. "Já estava irritada. Por isso, coloquei-o na parede e enviei um 'Vamos fazer algo hoje?' Para minha surpresa, ele disse que já tinha compromisso, mas que até o final da semana tentaria marcar algo comigo. E voltamos para a troca de SMS sem ação. Que raiva!", diz.
Longe das cavernas
Ok. Vamos lá, dá para entender um pouco os homens. Empolgadas com a possibilidade de nos portar como eles, sem o peso de precisar ser uma recatada dama, perdemos a linha em algum ponto do caminho. A ideia de fazer sexo sem compromisso, tomar a iniciativa e ficar com vários caras ao mesmo tempo pode ter nos animado um pouco além da conta. Reconhecemos esse erro. A verdade é que, sim, às vezes, queremos essas coisas. Mas estamos dispostas a abrir mão delas quando o cara certo aparecer. Assim como os homens fazem há anos, certo?
Talvez a questão seja, na verdade, que tivemos que ir até o extremo oposto — desde queimar sutiãs até desprezar qualquer tipo de romantismo — para chegar aonde estamos e, por isso, nos falte certo equilíbrio. Hoje somos muito mais femininas que feministas. E ainda, sim, fortes e decididas. Tudo que queremos — e não é pedir demais, vai... — é um homem que saiba lidar com isso ao nosso lado. Portanto, encarar homens mimimi irrita muito.
Difícil não se revoltar com um cara que até a chama para sair mas nunca propõe um lugar ou programa. Ou aquele que parece não pensar em compromisso mas reclama quando você sai com suas amigas ou, principalmente, com seus amigos homens. Deixando um grande "Como assim?" na sua cabeça. Na verdade, atitudes como essas disfarçam um lado meio inseguro desse homem. Em vez de enfrentar a situação, fugir e enrolar acaba sendo a melhor forma que ele encontra de evitar o confronto. A estudante carioca Maria Clara Costa, 23 anos, percebeu isso em um cara com quem ficou e, desde então, conversava todos os dias pelo Facebook. "Ele sempre falava que queria me ver mas estava sem tempo. De dez vezes que combinávamos, saíamos uma. O encontro era incrível e me deixava pensando: 'Agora vai'. Mas no dia seguinte entrávamos de novo na fase da enrolação", diz.
Donzela moderna
A boa notícia é que as próximas gerações devem lidar melhor com isso. "Homens que foram educados para conviver com a mulher do padrão antigo sentem sua masculinidade ameaçada. Mas eles estão em transformação. Muitos já aceitam uma relação de igualdade, por isso acabam procurando mulheres complementares", diz Antonio Carlos Amador Pereira, professor de psicologia da PUC-SP.
Mas, enquanto essa mudança não chega por completo, como lidar com esse homem? Primeiro, é preciso saber quais são suas expectativas em relação a eles. Ter sua independência é importante, mas muitas mulheres falam que querem ser como os homens — fazer sexo no primeiro encontro sem esperar uma ligação no dia seguinte, por exemplo —, só que no fundo sonham, ainda que veladamente, com uma versão 2.0 de príncipe encantado. Pois é, precisamos admitir, todas essas comédias românticas não fazem sucesso no cinema à toa. E as contradições e sinais confusos que nós mandamos no relacionamento também são motivo da multiplicação em série do homem mimimi.
Você já pensou em mudar sua atitude para ver a reação dele? "Não se trata de ser submissa. Apenas mostrar que precisa dele e gosta quando ele é forte e decidido", diz a psicóloga Mara Pusch, da Unifesp. No fim das contas, a medida para lidar com esse homem-donzela é trabalhar no meio-termo. Você pode mostrar interesse, mas sem intimidá-lo. Nem todos os passos devem ser seus, nem todos dele. Sabe aquela propaganda de TV que mostrava uma mulher quase abrindo um pote de pepino mas na hora H pedindo a ajuda do marido? Esse é o segredo. Não é que você não consegue fazer, mas gosta quando ele faz, certo?
Com a palavra, os homens
"Mulheres muito bonitas são ameaçadoras a todos os homens. Se forem inteligentes e bem-sucedidas, então, me transformo em uma formiguinha inofensiva. Nós, homens, fomos criados para sermos os provedores, os patrões, os chefes e os procriadores. Qualquer situação que nos fuja do controle nos apavora. Tenho a humildade de reconhecer que tal mulher é 'muita areia pro meu caminhãozinho'. Gosto de estar no controle das situações, então mulheres seguras de si em demasia são intimidadoras. Até procuro evitá-las." Rafael Gómez, 30 anos, designer gráfico
"Acredito que tudo em excesso é ruim. Ligar demais, vir muito atrás e transar com muitos caras só vai prejudicar a mulher. Infelizmente, vivemos em um mundo machista e, quanto menos a mulher expuser sua vida particular, melhor. O que acho que acontece hoje em dia é que elas estão mais seguras para fazer o mesmo que o homem sempre fez, o que tiverem vontade. Particularmente não ligo, já me relacionei com mulheres modernas e lido bem com isso. O único problema é distinguir a mulher moderna da periguete." Alexandre Maronna, 24 anos, assistente de marketing
"Fico inseguro quando ela tem sempre vontade de sair com as amigas sem querer me levar. Parece que está buscando algo fora do relacionamento quando vai toda sexta para a balada com as amigas. Também não gosto quando a mulher não atende ligações em alguns momentos. Tipo 9 da noite, vocês não combinaram de sair, mas, quando liga na casa dela, ela não está nem atende o celular. Depois dá uma desculpa: 'Fui à padaria, acabou a bateria' ou algo do gênero." Rafael Rossi, 25 anos, advogado
Edição: Bárbara dos Anjos Lima Reportagem: Julia Korte
http://nova.abril.com.br/edicoes/464/sexo_amor/homem-manuseei-com-cuidado.shtmlManuseie esses HOMENS com cuidado, hein?!kkkAndreh Carvalho
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