São inúmeras as revistas femininas, que tratam da questão da sexualidade, sedução, paquera, beleza, etc. Este é um dos temas mais comentados das mulheres. A libertação sexual, a ampliação dos direitos sexuais femininos é e continua sendo tema de inúmeras matérias. Quando estão no grupo de amigas, as mulheres adoram falar sobre suas questões pessoais e com certas amigas falam inclusive sobre sua vida sexual, com detalhes, dúvidas, trocando experiências.
Porém quando falamos do comportamento masculino tudo isto é diferente. As revistas voltadas para o público masculino têm como temas assuntos gerais como negócios, carros, sexo. Este último tema é geralmente tratado através de fotos de mulheres nuas ou de sexo explícito, em que o aspecto da sexualidade enfatizada é o da performance sexual, sempre com impessoalidade. No grupo de amigos é só curtição! Brincadeiras e papos, divertidos, mas gerais.
Os homens quase nunca ou nunca colocam em discussão suas vidas pessoais, muito menos suas vidas sexuais. Quando falam de sexo, geralmente é de forma exagerada ou bastante estereotipada. Falam sobre mulheres, principalmente sobre aquelas com quem tiveram relações mais superficiais, poucas vezes sobre aquelas com as quais realmente estão envolvidos afetivamente.
" Parece que a liberdade dos homens de se expressarem publicamente, seja no serviço, nas ruas, com os amigos, esconde, em sua vida particular e em sua intimidade, um misterioso silêncio". (BRUNS & GRASSI, 1994, p.21)
Este comportamento dos homens parece estar relacionado a estereótipos sociais em que eles são vistos como sabendo e conhecendo tudo sobre sexo. Não tendo dúvidas ou dificuldades.
Se as mulheres sofriam uma repressão sexual de não poderem demonstrar e expressar desejos, de desapropriação de seus próprios corpos e prazeres, os homens sofrem de falta de espaço para serem mais humanos, com limites, dificuldades e dúvidas. O homem é ainda refém da imagem de parecer com "super homem, sabedor de todas as questões referentes ao sexo". E isto é tão terrível quanto uma mulher ter sua sexualidade reprimida.
Essa obrigação dos homens de se verem obrigados a corresponder a uma imagem de super heróis tem sido uma enorme fonte de angústia. Já que além de serem os melhores na cama, têm que ser os melhores em tudo: no trabalho, com os amigos, família, etc.
É verdade que as coisas têm mudado e alguns homens já podem mostrar sensibilidade, dúvidas e dificuldades sexuais, sem serem considerados "frouxos". Mas isto ainda é tão complicado, que a propaganda em que Pelé tratava de um assunto como dificuldade de ereção virou uma grande piada. É assim que os homens têm tratado de suas vidas sexuais, como uma grande brincadeira, sem importância e o homem que se arrisca em falar sobre suas dúvidas e dificuldades vira motivo de chacota.
Como resultado disso temos o sexo masculino liderando as estatísticas mundiais de suicídios, de mortes violentas e de envolvimento com álcool. De cada quatro dependentes de drogas em todo o mundo três são homens. Dados do Ministério da Saúde revelam que dos 6.985 suicídios ocorridos no Brasil em 1998, 5.530 foram cometidos por homens. Os homens vivem, em média, dez anos menos que as mulheres. E também são os mais acometidos por doenças cardiovasculares, crises de hipertensão, diabetes e obesidade. Além do aumento de problemas relacionadas ao sexo: impotência, ejaculação precoce, dentre outros.
"... com essa história de terem a obrigação de ser bem-sucedidos, viris e seguros, os homens estão precisando desesperadamente de socorro". (DIEGUEZ & ROGAR, 2001, p.118)
Está na hora dos homens assumirem que têm dificuldades, falando sobre si mesmos e isto não é parecer frágil e vulnerável: é apenas ser humano! Pense nisso!
Autor(a): | Salete Monteiro Amador |
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