No sexo, há quem diga que “um tapinha não dói”, mas outras coisas podem machucar e causar incômodo. O Sexpedia perguntou às leitora: durante o bem-bom, quando você troca o promissor “Não para” pelo desesperador “Nããão, pára”? Reunimos algumas dúvidas de vocês e pedimos socorro à Rosa Maria Neme, doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP e diretora-proprietária do Centro de Endometriose de São Paulo.
-“Meu marido gosta de me dar prazer várias vezes na mesma noite. O problema é que, depois de gozar, sinto uma aflição no clitóris que chega a doer se ele insiste por ali. O que faço?”
Ajoelha e reza, querida. Pode agradecer Deus, Alá, Buda ou qualquer outra autoridade espiritual pela sorte terrena que lhe foi concedida. Homem preocupado com gozo alheio é uma benção! “A pele do clitóris é muito fininha. Com a fricção durante o sexo, ela assa e fica sensível mesmo. O truque é fazer com que a região escorregue mais fácil”, diz a ginecologista. Resumindo: investe no maridão – e no lubrificante.
- “Ele sempre vai direto para a penetração porque não tem paciência para preliminares, sexo oral… Além de lubrificante, tem alguma coisa para evitar que machuque?”
Tem sim. E desta vez, o Sexpedia responde no lugar da doutora. A opção é perguntar ao parceiro: “Algum gato comeu a sua língua?” ou “Gato, você comeu a própria língua?” ou ainda “Gato, sem língua você não me come mais”.
- “Por que, quando transo com a bexiga cheia, a penetração incomoda e depois sofro para fazer xixi?”
Imagine a sua bexiga como uma vizinha do seu canal vaginal. Assim, vizinha de casa geminada, sabe? Dentro de você, é como se as duas se dividissem por uma fina parede. Agora imagine que essa bexiga está lá, lotada de xixi até as tampas, quando um intruso fica batendo à porta. Puta sujeito mal educado, que bate váááárias vezes seguidas. Quem não ficaria irritada? “Quando a bexiga está cheia e pesada, ela pressiona o canal vaginal e o deixa mais estreito. O pênis fica atritando essa parede e isso pode gerar uma inflamação”, afirma Rosa. O ideal é sempre ir ao banheiro antes do sexo: urina e pênis não combinam no mesmo espaço. Mande a primeira embora – só depois convide o segundo.
- “Sinto cólicas algumas vezes depois de transar. É normal?”
Ô, amiga, pior que é. Segundo a médica, o sêmen tem uma substância que faz com que o útero tenha pequenas contrações. Sem mais nem menos, só de navegar e entrar em contato com o canal vaginal. Coisa que ele não conseguiria se estivesse dentro de uma camisinha, né?
- “Às vezes, mesmo sem estar menstruada, sangro durante e depois do sexo. Isso é sinal de alguma coisa séria?”
Se você toma anticoncepcional de forma contínua (cartela atrás de cartela, sem pausa para menstruar), é comum que isso aconteça. Caso contrário, é preciso investigar. “Pode ser uma ferida no colo do útero gerada por HPV, por inflamação de corrimento não tratado etc”, diz Rosa. Ela acrescenta que mulheres com a entrada da vagina muito estreita podem sofrer pequenas fissuras na penetração – desses cortezinhos saem o sangue. E vale checar se os resquícios vermelhos não vieram de gel/creme/lubrificante sabor morango/cereja/frutas vermelhas…
- “Perder a virgindade sempe dói?”
Que fofa, temos uma leitora virgem! Depende. Ao contrário do que as pessoas imaginam, a dor não vem do rompimento do hímen. Dra Rosa explica que ele não tem muitos nervos – até por isso, nem sempre sangra quando a membrana é rasgada. O problema é a tensão do sexo inaugural. A moça trava literalmente na estreia: contrai a musculatura do períneo, o que faz com que sinta mais ainda a penetração. O Sexpedia recomenda virar uns drinques, beijar muito e relaxar antes de mandar brasa.
- “Sinto uma dor no fundo da vagina quando meu namorado me penetra por trás. Pode ter a ver com o tamanho do pênis dele ou da profundidade da minha vagina?”
Pode. E com outras coisas. Em geral, o canal vaginal tem entre 10 e 12 cm. Se o dote do rapaz for muuuuuito maior do que a sua “elasticidade” interior, ele pode bater no colo do útero. A dor também pode ser culpa do formato do seu útero: em 5% das mulheres, ele é invertido. Isso faz com que, em algumas posições sexuais (como a penetração por trás), o pênis alcance a parede do órgão. Nos dois casos, nada grave. Mas essa dor no fundo da vagina pode ser um sintoma de endometriose, uma doença misteriosa que atinge 15% das mulheres que menstruam. Ninguém sabe o que causa esse problema no tecido do útero, mas desconfiam de genética e deficiências de imunidade. Não tem cura, mas tem tratamento (cirurgia e remédios).
A dra Rosa, especialista no assunto, conta que a maioria das pacientes descobre quando chega ao consultório reclamando de cólicas mentruais, dor na relação sexual ou dificuldade para engravidar. O diagnóstico depende de exames (clínico e de imagens) especializados. Como saber se é apenas uma dor comum ou algo mais complicado? “Quem tem endometriose sente dor no fundo da vagina em qualquer posição: de lado, papai-mamãe, por trás…”, diz a ginecologista. Preste atenção aos sinais do seu corpo, querida. Cuide-se para que o “ai” seja sempre de prazer, nunca de dor.
Dúvidas bastante frequentes...
e ótimas repostas de uma especialoista!
Valeu amores!
Andreh Carvalho
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