A absoluta falta de prazer sob os lençóis é um problema mais comum do que se imagina. A grande questão é que esse não é um assunto que as mulheres estejam acostumadas a compartilhar, mesmo no grupinho das amigas mais íntimas. E, talvez por isso mesmo, o problema se perpetue. “Mesmo com uma relativa modernização dos costumes, o sexo ainda é tabu. Dependendo de como uma mulher foi educada em sua infância, teremos uma pessoa bem resolvida ou com sérios problemas de sexualidade”, pondera a personal sex Regina Racco, professora de ginástica íntima e autora de diversos livros sobre o assunto.
Uma educação repressora pode ser um entrave para o exercício pleno do prazer, à medida que ela nos leva a formar, na mente, o conceito de que o sexo é sujo ou algo vergonhoso. Então, o primeiro passo para virar esse jogo é reavaliar esses conceitos. “É preciso que a mulher se permita ter prazer, que aceite sua condição feminina e comece a olhar a sua sexualidade como algo extremamente natural, como comer e dormir”, defende Regina.
Questões emocionais
Outros fantasmas da infância também podem estar rondando a sua cama e impedindo a sua realização no sexo. Por incrível que pareça, a relação com o seu pai, durante os primeiros anos de vida, pode continuar influenciando a sua atividade sexual muitos e muitos anos depois. “
E todas essas questões podem ter desdobramentos na cama”, explica a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo. Felizmente, para esses casos, a terapia sexual costuma trazer excelentes resultados. O tratamento também funciona para ajudar a zerar outros grilos frequentes que podem influenciar muito na qualidade do sexo, como a não aceitação do corpo, a baixa autoestima, a hiperatividade, a ansiedade e o estresse. Este último fator, em especial, pode ser considerado um vilão daqueles! “O estresse é um dos maiores inimigos do orgasmo feminino. Quanto mais a mulher estiver estressada, menos ela se concentra na atividade sexual, menos ela relaxa durante o ato e, consequentemente, mais dificuldade ela vai ter para a obtenção do prazer”, avisa Carmita.
Conhecer o corpo é fundamental
Fatores emocionais à parte, tocar o próprio corpo, para conhecer as suas zonas erógenas, também ajuda muito quando o objetivo é garantir o máximo de satisfação na cama. “A sensação de prazer é individual, e o corpo todo é erótico. Então, é essencial que a mulher se sinta à vontade para descobrir todos os pontos que podem deixá-la excitada”, indica Margareth dos Reis, psicóloga e terapeuta sexual de casais do Instituto H.Ellis.
As especialistas indicam que esse processo de autoconhecimento comece com uma exploração visual da vagina, usando um espelho. Depois, vale começar a tocar-se, com ou sem o uso de acessórios, como os vibradores. “A masturbação é um facilitador para o orgasmo. Quando se masturba, a mulher percebe não só onde gosta de ser tocada, mas também a maneira como gosta que este toque seja”, diz Carolina Ambrogini, ginecologista e sexóloga, coordenadora do projeto Afrodite, do Ambulatório de Sexualidade Feminina da Universidade Federal de São Paulo.
Um canal de comunicação aberto entre o casal facilita a resolução de outros problemas que não têm relação direta com a atividade sexual, mas podem afetá-la.“Uma mulher que está em um relacionamento conflituoso, que sente-se pouco amada ou acha que o parceiro não está atraído por ela, por exemplo, poderá ter mais dificuldades na cama”, alerta Carmita.
Por fim, é fundamental que, entre quatro paredes, o casal se sinta à vontade para criar e compartilhar as mais diversas fantasias. “Em relação ao orgasmo, vale a teoria dos dois Fs, que eu explico às mulheres que atendo no Projeto Afrodite. Estamos falando de fricção e fantasia. Defendo que, tão importante quanto o contato físico em si, a estimulação física, é a estimulação mental, por meio das fantasias que envolvem o ato sexual. É a cabeça que permite a entrega completa, essencial à obtenção do prazer em seu nível mais alto”, explica Carolina. “É preciso ter em mente que no sexo vale tudo, desde que esse ‘tudo’ seja consensual e agrade aos dois”, complementa Regina.
Mente zen, corpo são
Outras questões físicas, além da falta de intimidade com o próprio corpo, podem influenciar no sexo e na satisfação que se obtém com ele. Alterações hormonais, por exemplo, podem levar a uma diminuição da libido, com consequente impacto sobre a lubrificação vaginal e a qualidade da atividade sexual em si. “Os desequilíbrios hormonais que geralmente interferem no prazer estão relacionados à produção da prolactina, durante a amamentação, à baixa no estrogênio, característica do período após a menopausa, ou a problemas de tireoide”, esclarece a ginecologista e obstetra Viviane Monteiro. Doenças associadas, como o diabetes tipo 2, também podem comprometer a capacidade de excitação da mulher. Assim, ao primeiro sinal de dificuldade para atingir o orgasmo, o ideal é marcar uma consulta com o seu médico, para conferir se o seu organismo está em equilíbrio ou se é preciso tratar alguma alteração.
Agora vai!
Algumas orientações mais práticas também podem ajudar na hora H, facilitando a entrega e a obtenção do máximo do prazer. Confira!
• Invista em uma massagem relaxante: antes de partir para o sexo, experimente dar e receber uma massagem relaxante. Isso ajudará a estabelecer uma sintonia maior entre você e o parceiro, além de aliviar um pouco as tensões depois de um dia cheio de desafios.
• Experimente novas posições: teste, durante as brincadeiras eróticas, posições que favoreçam o aumento da excitação. “Uma das posições que mais favorece o orgasmo, nas mulheres, é aquela em que ela fica por cima durante a penetração. Nessa posição, o clitóris pode ser estimulado, ao tocar na região pubiana do homem”, explica a psicóloga Margareth dos Reis, terapeuta sexual de casais do Instituto H.Ellis.
Fortaleça a musculatura vaginal: “Quanto mais tonificada a região, maior a sensibilidade. Os resultados podem ser sentidos a partir da primeira semana realizando os exercícios”, garante a personal sex Regina Racco, professora de ginástica íntima. Para as iniciantes, ela ensina uma série rápida e facílima de ser seguida.
Exercício 1: sente-se em uma cadeira (evite as poltronas), com a coluna ligeiramente inclinada para a frente, mãos nos joelhos, pés paralelos, ligeiramente separados. Inspire, contraindo os músculos da vagina, de forma elevatória (contração elevatória). Conte até 20 e relaxe, expirando. Repita esse exercício de 3 a 5 vezes ou por até cinco minutos.
Exercício 2: em pé, braços ao longo do corpo, mantenha os pés paralelos e ligeiramente separados. Inspire e contraia as nádegas, tentando uni-las o máximo que puder. Conte até dez e relaxe. Repita 3 vezes.
Exercício 3: em pé, contraia e relaxe a musculatura da vagina, como se estivesse pulsando. Repita 30 vezes, bem rapidinho, e relaxe.
Texto: Rita Trevisan e Caroline Bastos | Fotos: Divulgação
http://www.umamulher.com.br/materia/detalhe/910/Dossie+orgasmo
Orgasmo - Sempre é bom falarmos dele
#achodigno
Andreh Carvalho
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