sábado, 4 de agosto de 2012

POLÊMICA:'A dualidade sexual de cada um'

Freud já dizia: o id não tem sexo e, por isso, todo ser humano carrega características femininas e masculinas. Traduzindo para os dias atuais, todos teríamos aspectos bissexuais. E mais: os heterossexuais estariam muito mais próximos dos homossexuais do que parece e vice-versa. O defensor da idéia de aproximação dos hetero e dos homo (e vice-versa) é o professor de sexualidade da Unicamp Joaquim Zaílton Bueno Motta. Para ele, agora, é simpático falar do charme feminino do homem e do charme masculino da mulher. E ousa ir além: “Hoje, há mulheres e homens que pensam que seria melhor casar com pessoas do mesmo sexo, dadas as homoafinidades.”
Para o sexólogo Oswaldo Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade, este comportamento não é novo. Ele diz que está embutido no ser humano o desejo por qualquer coisa além do masculino e do feminino. “Existem pessoas que têm adoração por sapatos. Ou seja, nós podemos direcionar nosso gosto para tudo, não se limitando ao homem e à mulher”, exagera. Quando todas as formas de amar valem a pena O bissexual tem o seu alvo de desejo e paixão. Um alvo que ora pode ser uma pessoa do sexo feminino, ora do sexo masculino. Segundo Oswaldo Rodrigues, o que caracteriza o bissexualismo é justamente o fato de não se fazer uma opção socialmente dirigida. Ou seja, o bissexual não escolhe um objeto do desejo de acordo com o que o padrão social recomenda. “São pessoas que não aprenderam a escolher ou mesmo não reduziram suas escolhas”, diz.

O comportamento aceito pela sociedade é aquele em que o indivíduo aprende a gostar de um sexo apenas. Acontece que os bissexuais aprenderam a gostar de dois. O que não significa de forma alguma que essas pessoas se encaixem no estereótipo de homossexuais. “Elas não precisam se apegar a este papel”, diz. O sexólogo Joaquim Zaílton, também professor do departamento de Psiquiatria da PUC de Campinas, explica que muitos bissexuais se sentem homo, e outros, heteros. “Vai depender muito da auto-imagem, ou seja, um homem que transa como ativo e esteve com cinco parceiros recentemente, sendo uma mulher e quatro homens, vai se dizer hetero, por exemplo.” Uma prova de que a bissexualidade masculina está aumentando, segundo o antropólogo Mauro Cherobim, são os números que aparecem nas estatísticas das DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e nos noticiários populares. “Aqueles homens que, porventura, fantasiam um relacionamento homossexual, têm meios à disposição para exercitá-lo. Eles fazem isso com garotos de programa e travestis.” Ser um homem masculino não fere o lado feminino (e vice-versa).
Na década de 70, um estudo divulgado pela americana Sandra Bem propôs um conceito de androgenia psicológica. Neste conceito, ela explica que um homem pode muito bem ter sentimentos e formas de expressar as emoções femininas. Assim como as mulheres poderiam ter características masculinas. Neste estudo, Sandra procurou mostrar que havia homens sensíveis e capazes de chorar, enquanto algumas mulheres se saíam muito bem em funções de chefia e liderança. Características andróginas, mas que nada tinham a ver com bissexualismo ou homossexualismo. Embora o sexólogo Oswaldo Rodrigues diga que há uma probabilidade maior de encontrar essas características nos bissexuais. “Mas o contrário não é verdadeiro”, alerta.
Existem dois tipos de bissexuais O sexólogo divide os bissexuais em duas categorias: os que agem por desejo e os que são assim por comportamento. Ele explica que no primeiro caso a pessoa realmente gosta dos dois sexos. Já o segundo se enquadra em um padrão social do momento, como, por exemplo, um garoto de programa, que pode ganhar dinheiro tanto se relacionando com um homem como com uma mulher. Ou seja, a categoria comportamental é uma mera questão de facilidade. Ser bissexual implica ir de encontro aos padrões E, talvez por isso mesmo, os bissexuais sofram. A sociedade pressiona a pessoa no sentido de definir seu objeto do desejo: um homem ou uma mulher. “O bissexual é muito discriminado por todos os lados. Se ele revela para um homossexual masculino que tem desejos por uma mulher, vai ser colocado de lado. Se comenta com uma mulher seu interesse por outro homem, vai ser taxado de bicha”, diz Oswaldo.
O antropólogo Mauro Cherobim é ainda mais categórico. Para ele, tanto a bissexualidade feminina quanto a masculina são opções marginais e fortemente reprimidas. “Os heterossexuais encaram como uma forma de homossexualidade em uma sociedade extremamente homofóbica. Já os homossexuais evitam estas mulheres por considerá-las portadoras de uma homossexualidade enrustida”, diz. O mais curioso é que, muitas vezes, a homofobia não passa de um medo que esconde a proximidade com os homossexuais, assim como a heterofobia. Quem não se lembra do militar violento do filme que ganhou o Oscar deste ano, Beleza Americana, e de seu horror a homossexuais? Na verdade, ele apenas tentava esconder o seu desejo por homens, a sua bissexualidade.

Artigo interessantíssimo...
leiam com atenção!

Andreh Carvalho

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