Num universo recheado de publicidade sensual,
baladas liberais e periguetes, você já imaginou a vida sem sexo?
Enquanto isso pode soar um desperdício para muitos, também não são
poucos os que decidem eliminar completamente a relação sexual com
parceiras. Se a assexualidade antes era apenas um termo usado nas aulas
de biologia para falar da reprodução de amebas, hoje a palavra ganhou
bandeira e até identidade.
Representada pela Aven
(Asexual Visibility and Education Network), rede que luta pela
visibilidade dos assexuados no mundo, abdicar da transa com outras
pessoas agora é visto como uma nova orientação sexual. Segundo Breno
Rosostolato, professor de psicologia da Faculdade Santa Marcelina, ela
deve ser compreendida desta forma porque o assexuado não reprime seus
desejos sexuais como os celibatários. “A masturbação, por exemplo, é uma
alternativa para a excitação, cuja ejaculação possui efeito aliviador e
diminui o estresse. O autoerotismo dispensa a relação com o outro e a
atuação da libido é presente, satisfazendo a excitação”, explica ele.
Apesar
do DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders),
catálogo de doenças mentais da associação americana de psiquiatria,
classificar este comportamento como Desordem do Desejo Sexual Hipoativo
-- considerada um desvio -- Rosostolato é categórico: “assexualidade não
é uma doença, mas uma escolha”.
Mas, afinal de contas, o que leva alguém a erradicar de sua rotina algo que promove tantos benefícios
para a mente e o corpo? Bem, de acordo com o professor, a coisa é mais
complexa do que parece. Ele esclarece que existem grupos na
assexualidade, como os românticos ou libidinosos, que se permitem a
atração romântica e conseguem se envolver com outras pessoas, namorar e
até casar. O envolvimento é puramente afetivo e o sexo apenas com o
intuito de procriar. Já os não-românticos não possuem intimidade física
ou troca de carícias -- se caracterizam pela ausência de desejo, onde o
envolvimento amoroso não é permitido.
“De um modo geral, os assexuados sofrem muito
preconceito e são discriminados por suas escolhas. O sentimento de
culpa é atormentador e angustiante, imputado por uma sociedade carente
de afeto. Nos dias de hoje, fazer sexo e ser libidinoso são obrigações
e, por isso, sofrem distorções. O prazer pode ser destinado a outros
setores da vida como o trabalho, exercícios físicos ou aos cuidados dos
filhos, isso para ficar em alguns exemplos. É um erro restringir a
libido ao sexo”, defende Rosostolato.
Por outro
lado, embora o psicoterapeuta junguiano João Rafael Torres concorde em
parte com o professor de psicologia, ele não descarta as experiências
traumáticas, visões distorcidas da sexualidade e dogmas religiosos que
“participam bastante desse comportamento”, afirma. Segundo Torres, o
fato dos assexuados se unirem sob uma bandeira não altera em nada as
motivações que os levaram a esta opção de comportamento. Para ele, na
maioria dos casos, experiências traumáticas são responsáveis pela
suspensão da vida sexual em algum momento da vida -- o que é comprovado
pelo retorno do desejo após a superação.
“No
entanto, é interessante porque eles não praticam sexo mas gastam um bom
tempo com a temática sexual -- alimentando fóruns, buscando iguais etc.
Não seria isso uma forma compensatória para uma vivência sexual
insatisfatória ou inexistente?”, desafia o terapeuta. Para ele o sexo
não deve ser uma obrigação, e o que importa é se a prática (ou a
não-prática) respalda o indivíduo com segurança, sentido existencial,
bem estar e integração de valores.
POR: Danilo Barba
http://www.areah.com.br/vip/relacionamento/materia/25441/1/pagina_1/sexo-nunca-mais.aspx
Pois é, né? hehehe
Andreh Carvalho
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