domingo, 3 de junho de 2012

'Sai de Baixo – Uma Análise da Posição Feminina na Cama e Fora Dela'

Há duas perguntas nesse mundo cujas respostas eu já me conformei em nunca obter. Primeiro e antes de mais nada, como o Tiririca foi eleito deputado federal com mais de um milhão de votos válidos se não há sequer um brasileiro que assuma ter votado nele. Segundo, e muito mais pertinente à discussão que aqui se estenderá, como surgiu o sexo. Vira e mexe me pego brincando de reinventora da roda e pensando nisso. Teria o sexo surgido como uma brincadeira de criança? Como mera curiosidade? Seria fruto da falta do que fazer? Teria o homem, enfim, percebido que coçar o saco não é a melhor coisa a se fazer com suas partes íntimas? Ou o sexo foi resultado da simples necessidade de povoar esse mundão?

Seja como for, já ficou pra trás – e todos nós devemos, no mínimo, um caloroso abraço ao camarada que percebeu como as peças desse quebra-cabeça se encaixam com maestria. A verdade é que, independente da inspiração criador na hora da criação, durante muito tempo o sexo foi considerado mero método de reprodução. Era como arar terra. A mulher bancava o buraco, e o homem entrava com a estaca. Assim mesmo, sem beijo na boca, sem suspiros ofegantes, sem chupadinhas, sem massagem nas costas. Sem sequer abrir o primeiro botão, afinal, não precisava: ela só tinha que se deitar e levantar a saia. A ele, cabia prendê-la entre as pernas, abrir a braguilha e ejacular. Assim mesmo, com a mesma magia de ligar pra um delivery e pedir uma pizza.
Por mais que vocês me chamem de feminista desvairada – crítica exaltada que ouço frequentemente desde os meus tenros doze anos de idade – eu digo de cabeça erguida e com toda a certeza do mundo: o lance de o homem ficar por cima no sexo é cultural. E foi fomentado pela mesma sociedade que proibiu a mulher de votar até meados dos anos 30 e que hoje diz que a minissaia e o decote da gostosa do terceiro andar dão margem ao estupro. Isso é sociologia pura, meus caros. O feminino é o pólo do baixo, do submisso, da passividade. O masculino, por sua vez, faz o papel oposto: é o alto, o dominador, a atividade. O meu e o seu corpo são muito mais do que meros invólucros. São a nossa primeira identificação – antes de se nascer bonito ou feio, nasce-se homem ou mulher, portanto, dominador ou dominado. De certa forma, a nossa posição na escala de poder depende de fatores físicos – internalizamos a dureza de um pau e a obscuridade de uma vagina e os atrelamos à capacidade ou à falta dela. A guerra dos sexos é estrutural, meus bens.

De tão incorporada que essa condição está, nós – tanto homens quanto mulheres – aceitamos que as coisas sejam como são. Que o papai e mamãe, o sexo sacral, é homem em cima e mulher em baixo. Que o ménage composto por duas mulheres e um homem é mais bonito e natural. Que ele deve ser chupado até gozar e que ela, quando chupada, deve encarar isso como um mero estímulo, um favorzinho. Que o homem que pega muita mulher é garanhão e que a mulher que pega muito homem não vale um centavo. E que toda e qualquer tentativa da mulher se igualar ao homem é tosca, forçada e falta de um bom pau pra chupar ou de um par de bolas pra fazer malabares.

Mas há uma luz no fim do túnel. Se a tendência dos casais modernos é dividir a pilha de louça, as contas da casa e as trocas de fraldas, por que não dividir o comando da cavalaria na cama? Brincar de ora ser o cavalo, ora ser o cavaleiro. E comandar não é apenas ficar por cima. É poder compartilhar vontades, guiar as mãos, coordenar os movimentos. É se permitir sem o medo de parecer pretensiosa. Ou puta. Ou feminista. Enfim, é sair de baixo.
http://www.casalsemvergonha.com.br/2012/05/30/sai-de-baixo-uma-analise-da-posicao-feminina-na-cama-e-fora-dela/

Eiiita nós! kkk
ótimo domingos, meu amores!
Obrigado por tudo!

Andreh Carvalho

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