domingo, 16 de dezembro de 2012

'Pelo fim do Amigo Secreto'

Quantos convites de amigo secreto você já recebeu? Vários, imagino. Posso até imaginar a origem de cada um deles: o escritório, os amigos da faculdade, a turma do futebol, os membros do clube do uísque e, claro, a família. Mas nada pode ser mais chato do que participar de um amigo secreto. A própria obrigação ao respeito dos regionalismos torna a atividade mais cansativa que ligar para o suporte da companhia telefônica. Para todos os efeitos, este texto também se aplica ao amigo oculto, ao amigo X e ao amigo invisível. Bem como aos possíveis e futurísticos amigo escondido, amigo escamoteado, amigo camuflado e, até mesmo, ao amigo imaginário.
O amigo secreto é uma dessas atividades que faz você frequentar a mais fiel reprodução do que seriam as fogueiras do inferno: o shopping na época de Natal. Pense nas filas para estacionar o carro, para comprar e para pagar o presente. É isso que um amigo quer de você? Para começo de conversa, o verdadeiro amigo não quer ser motivo de estresse. Amigo serve para um bom papo, para dar risada junto e para dar apoio nas horas difíceis. Portanto, amigos secretos não são feitos para amigos. No máximo, incluem velhos conhecidos. A atividade sempre acontece com aquele cara da faculdade que você não falou o ano todo ou com o seu cunhado folgado ou com a Lurdes, funcionária do setor ‘contas a pagar’ do escritório, que você só descobriu que chamava Lurdes depois de sortear os papeizinhos.
Se você não falou com essas pessoas durante o ano todo, então por qual motivo iria trocar presentes com elas? Pode ser por convenção, pressão ou, o mais provável, por pura hipocrisia. Não conseguimos dizer: “não, não vou participar; eu não gosto de você e não vejo sentido nisso” ou ainda “você não faz parte da minha vida. Passar bem”. Uma prova disso é que, em geral, não sabemos o que comprar como presente. O que será que a Lurdes gosta? Nunca sabemos e decidimos por um presente sem personalidade, como um DVD do Luan Santana ou um livro do Paulo Coelho.
Para driblar esses constrangimentos e tentar evitar a chatice do amigo secreto, inventaram algumas regras especiais. Temos a versão amigo da onça, por exemplo. No lugar de algo sério, você compra alguma porcaria, como um pênis de borracha para a Lurdes. Mas as piores ideias aparecem na hora de descrever o sorteado. Como você não sabe nada sobre ele, então você pode usar alguns desses expedientes: cantar uma música, falar o nome de um filme ou citar um animal que tenha alguma semelhança com o seu amigo secreto. É sempre bom usar algo que não comprometa: ninguém irá adivinhar e a Lurdes não vai ficar chateada.
Qual a solução? Com certeza não é ficar em casa longe de tudo e de todos. Sabe aqueles R$ 50, o limite máximo estipulado para o presente? Pegue esse dinheiro e vá para o bar mais próximo com os amigos da faculdade e com seu cunhado. Chame também a Lurdes e pergunte o que ela faz além de cuidar do “contas a pagar”. Com um pouco de sorte, você ganha um bom amigo para o próximo Natal.
Por Rafael Kato
http://clubalfa.abril.com.br/estilo-de-vida/sociedade/pelo-fim-do-amigo-secreto/


Morri! kkkk

Andreh Carvalho

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